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Desenvolver potencialidades individuais, por meio da prática de atividades físicas, como corrida, caminhada, musculação, circuitos funcionais, ginástica, coach em atividade física, é a nossa Missão. O incentivo constante do Personal Trainer, contribui para que o aluno pratique suas atividades físicas de forma motivada e possa alcançar níveis elevados de qualidade de vida, além de aprimorar o condicionamento físico e aparência, conquistando auto-estima, disposição e energia. Conheça a MAP e fique com quem realmente sabe o que faz e pode contribuir com excelência para seu desenvolvimento pessoal por meio da atividade física. Interesses Atividade Física geral, qualidade de vida, esportes, dança, treinamento funcional

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Músculos em forma, cabeça saudável


Todo mundo sabe que, se não fizermos atividade física regular, com o tempo nassos músculos ficarão flácidos. A mesma lógica funciona para o nosso cérebro: quanto mais desempenhamos tarefas intelectualmente estimulantes - aprendendo uma nova lígua ou lendo, por exemplo -, mais o exercitamos. A novidade é que mexer o corpo pode trazer transformações mentais significativas até para os mais idosos.Apesar de ser bastante disseminada a ideia de que manter o sistema cerebral ativo realizando tarefas mentalmente exigentes - "usar para não atrofiar" -, uma revisão de vários estudos mostra que manter a mente afiada requer mais que isso. Outras coisas que você faz - incluindo praticar exercícios regulares, manter relacionamentos sociais e, até mesmo, cultivar atitudes positivas - têm influência significativa na cognição.


Uma das melhores constatações que a neurociência nos trouxe nos últimos tempos foi que o cérebro maduro tem mais plasticidade do que se acreditava. Embora adultos mais velhos em geral aprendam novas ocupações de forma mais lenta que os jovens, e nem sempre atinjam o auge da especialização em alguns campos, como teriam feito se começassem mais cedo, sabe-se que com algum esforço é possível melhorar seu desempenho - evitando a diminuição de cognição que aparece com o avanço da idade.

A notícia surge num momento propício. A proporção de idosos tem crescido consideravelmente e, do ponto de vista social, o prolongamento de uma vida saudável e produtiva não só é desejável pelos benefícios que traz individualmente, mas também se traduz em uma forma de reduzir os custos sociais com cuidados em longo prazo.

Nos anos 70, pesquisadores demonstraram pela primeira vez que adultos mais velhos saudáveis poderiam melhorar seu desempenho além do que até então se acreditava. As primeiras pesquisas não estavam totalmente direcionadas a investigar, por exemplo, por quanto tempo os adultos conseguiriam manter as novas habilidades conseguidas com o treinamento, se essas capacidades poderiam influenciar positivamente outras áreas da cognição úteis para a vida diária, e se estudos realizados em pequenos grupos de indivíduos seriam amplamente aplicáveis à maioria das pessoas.

Os últimos experimentos confirmam que treinar a cognição traz benefícios substanciais a adultos maduros e que esses efeitos podem ter duração relativamente longa. Na virada do último século, o Instituto Nacional do Envelhecimento, mantido pelo governo americano, fundou um consórcio de pesquisadores para conduzir um estudo de uma grande amostra de americanos idosos. Em 2002, a psicóloga Karlene Ball, da Universidade do Alabama, em Birmingham, publicou resultados referentes a mais de 2.500 indivíduos com mais de 65 anos que participaram de 10 sessões de treinamento cognitivo. Os voluntários foram indicados aleatoriamente para um dos três processos: melhorar a memória, o raciocínio ou a busca visual - ou ainda para um grupo de controle que não recebeu treinamento algum. No acompanhamento, dois anos depois, a equipe escolheu, de forma aleatória, parte do grupo inicial para realizar uma atividade de reforço antes da avaliação. Os resultados mostram um forte efeito positivo em cada grupo, comparado aos controles, além de um padrão de melhora do desempenho. Aqueles que treinaram a busca visual, por exemplo, tinham evidências de grandes ganhos nessa área, mas poucas aquisições nos campos da memória e do raciocínio, em relação aos controles. Após cinco anos, testes refeitos com essa mesma amostra indicaram que benefícios mensuráveis ainda estavam presentes depois do longo intervalo. Ainda mais impressionantes, entretanto, são os recentes estudos que focam a função executiva (forma como planejamos a abordagem estratégica para uma tarefa e gerenciamos a atividade processada pela mente.

Diferentemente dos programas que abrangem habilidades específicas, como as estratégias de memorização, os treinamentos ajudam as pessoas a controlar a forma como parecem funcionar em capacidades mais amplas, úteis em muitas situações que requerem pensamento. Por exemplo, a psicóloga Chandramallika Basak e seus colegas da Universidade de Illinois recentemente revelaram que um jogo de estratégia em tempo real em vídeo que exija planejamento e controle executivo não favorece somente a performance no game, mas também melhora o desempenho em outros aspectos mensuráveis do controle executivo.

No entanto, não é imprescindível um treinamento especializado para alcançar melhoras ou diminuir o declínio cognitivo. Atividades diárias, como a leitura, podem ajudar. Nós revisamos evidências de ganhos cognitivos relacionados a diversas práticas em mais de uma dúzia de estudos. Em 2003, o neuropsicólogo Robert S.Wilson e seus colegas do Centro Médico da Universidade de Rush, em Chicago, recrutaram mais de 4 mil idosos de uma comunidade geograficamente definida e classificaram a frequência de sua participação em sete atividades cognitivas, como ler revistas. Por seis anos, em intervalos de três, os voluntários passavam por uma entrevista em casa, que incluía testes cognitivos breves. Os que praticavam essas atividades com mais frequência no início do estudo apresentaram menor declínio intelectual ao longo do tempo.

Durante a última década muitos estudos subestimaram a ligação entre a atividade física e a cognição. Em uma pesquisa publicada em 2001, a neuropsiquiatra Kristine Yaffe, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, coordenou um grupo de cientistas que recrutou 5.925 mulheres com mais de 65 anos em quatro centros médicos americanos. As participantes não tinham deficiências físicas que limitassem sua capacidade de realizar atividades físicas, e todas foram testadas para garantir que não sofriam de problemas cognitivos. Os pesquisadores avaliaram as atividades físicas das voluntárias perguntando-lhes quantos quarteirões andavam e quantos lances de escada subiam diariamente. Em seguida, pediram que preenchessem um questionário sobre a prática de 33 atividades físicas. Após seis ou oito anos, os estudiosos avaliaram as funções cognitivas dessas mulheres. A mais ativa mostrou declínio cognitivo 30% menor que a que menos se movimentava. Ainda mais interessante: a distância das caminhadas estava relacionada à cognição, mas não à velocidade, o que leva a crer que mesmo níveis moderados de atividade física podem servir para limitar o declínio cognitivo em idosos.

Por outro lado, forçar o sistema circulatório com exercícios aeróbicos pode ser péssimo para o cérebro. Em 1995, em um estudo com 1.192 idosos de 70 a 79 anos, a neurocientista cognitiva Marilyn Albert, da Universidade Johns Hopkins, e seus colegas avaliaram a cognição dos participantes, com uma bateria de exames de aproximadamente 30 minutos, que incluía testes de linguagem, memória verbal e não verbal, habilidade de conceituação e visual-espacial. Eles descobriram que os melhores fatores preditivos para mudanças na cognição, em um período de dois anos, incluíam atividades extenuantes e picos no fluxo de expiração pulmonar. Em uma investigação publicada em 2004, a epidemiologista Jennifer Weuve, da Universidade Harvard, e seus colegas, também examinaram a relação entre atividade física e mudanças cognitivas, em um período de dois anos, em 16.466 enfermeiras com mais de 70 anos. Foi registrado quanto tempo elas haviam gasto, por semana, em uma série de atividades (corrida, caminhada, escalada, esportes com raquete, natação, ciclismo, danças aeróbicas) durante o ano anterior. As participantes forneceram também informações sobre o ritmo de caminhada, em minutos. O grupo de Weuve observou relação significativa entre a energia gasta nas práticas físicas e a cognição.

As pesquisas que descrevemos examinam o desempenho mental por poucos anos. Alguns poucos estudos começam a olhar o que acontece em longas escalas de tempo. Em 2003, o psiquiatra Marcus Richards, da Universidade de Londres, no Reino Unido, e seus colegas, usando uma amostra de 1.919 homes e mulheres, focaram a influência de exercícios físicos e de atividades de lazer que os participantes disseram ter feito aos 36 anos e aos 43 nas mudanças de memória ocorridas entre os 43 e os 53 anos. As análises indicaram que o envolvimento em exercícios físicos e outras atividades de lazer, aos 36 anos de idade, estava associado a pontuações de memória mais altas aos 43. A atividade física aos 36 também estava ligada a um menor ritmo de perda da memória dos 43 aos 53 anos, depois que os dados foram ajustados com base nas atividades de lazer e outras variáveis. Os dados sugerem também poucos benefícios para memória dos que pararam de se exercitar aos 36, mas proteção àqueles que começaram a se exercitar depois dessa idade.

Quando ainda era estudante, o pesquisador Suvi Rovio, do Instituto Karokinska, na Suécia, e seus colegas examinaram a relação entre atividade física na meia-idade e os riscos de demência 21 anos depois, quando o grupo estudado tinha entre 65 e 79 anos. Os voluntários indicaram a frequência com a qual participavam de atividades de lazer, com duração mínima de 20 a 30 minutos, que causavam falta de fôlego ou sudorese. Incorporar essas práticas à rotina pelo menos duas vezes por seman, na meia-idade, estava associado à redução do risco de demência mais tarde. De fato, os participantes do grupo mais ativo tinham possibilidade 52% menor de desenvolver demência, em comparação com os sedentários.

Há consenso de que faz sentido treinar atividades mentais que estimulam a cognição, mas talvez seja menos óbvio o meio pelo qual a atividade física gera esse efeito. Basta considerar o bem documentado aumento de ligações entre atividades físicas e doenças. Uma vastidão de estudos examinou os benefícios dos exercícios e de uma vida ativa sedentária para prevenir patologias. Sabemos, por exemplo, que atividades físicas podem reduzir o risco de morte por problemas cardiovasculares, de desenvolvimento diabetes tipo 2, osteoporose e câncer de colo e mama.

Em um estudo publicado em 2006, o psicólogo Stanley J. Colombe, da Universidade de Illinois, coordenou um grupo de pesquisadores que examinou a influência da ginástica em mudanças potenciais na estrutura cerebral.
O experimento de seis meses incluiu 59 pessoas saudáveis, mas sedentárias, que residiam na comunidade, com idade entre 60 e 79 anos. As imagens cerebrais depois do treinamento com ginástica mostraram que mesmo intervenções com exercícios relativamente curtos restauravam algumas das perdas de volume cerebral associadas com o envelhecimento normal.



Apoiando esses resultados, um vasto conjunto de estudos em animais demonstrou numerosas alterações na estrutura e função do cérebro depois que os animais foram expostos a ambientes complexos, com vários estímulos. A exposição a esses ambientes enriquecidos traz diversos benefícios neuropsicológicos. Em primeiro lugar, aumenta a formação de novos braços dendríticos e sinapses - áreas das células neurais que recebem e enviam sinais de comunicação, aumentam o número de células gliares, que sustentam a saúde dos neurônios, e expandem a rede capital de fornecimento de oxigêncio, favorecento o desenvolvimento de novos neurônios e crianado mudanças nas cascatas moleculares e neuroquímicas, como o auto das neutrofinas (moléculas que protegem o cérebro e ampliam redes neurais).

Resolver quebra-cabeças e fazer abdominais também fortalece a saúde cerebral. Outra providência para ficar esperto mais tempo é participar de grupos sociais. A convivência pode atrasar em vários anos o aparecimento da demência. O alvo tradicional dessa pesquisa tem sido a medição objetiva do isolamento social em contraste com o vínculo social. São observadas a frequência com que uma pessoa participa de grupos (como de trabalho voluntário), o número de amigos e parentes que contata regularmente (em outras palavras, o tamanho de sua rede social) e seu estado civil. Descobertas sobre os aspectos positivos de atitudes e crenças são mais pontuais. Posturas e atitudes positivas podem ter importantes efeitos indiretos no enriquecimento da cognição em razão de sua influência no tipo de comportamento associado aos estímulos intelectuais (por meio de conversas, aprendizado, etc.)

De forma geral, pessoas otimistas, flexíveis, abertas a novas experiências, positivamente motivadas e focadas no que realmente lhes faz bem têm mais chances de envelhecer com saúde física e mental, tirando vantagens das oportunidades e lidando de forma mais equilibrada com frustrações inevitáveis, mantendo o sentimento de bem-estar e de satisfação. Sofrimento psicológico crônico - resultante de depressão, ansiedade e raiva ou vergonha não elaboradas - está associado a uma variedade de prognósticos que podem se agravar com o passar do tempo e acelerar o declínio cognitivo. Estudos têm, de forma consistente, mostrado que um nível maior de dor psíquica será ligado ao aumento da incidência da doença de Alzheimer e a prejuízos moderados intelectuais na velhice.

Porém, não existe uma pílula mágica ou uma vacina que evite o declínio cognitivo. Uma questão crítica para os futuros pesquisadores será entender como um estilo de vida mais saudável pode ser promovido e implementado durante os anos em que as pessoas ainda são intelectualmente produtivas. Apesar dos inevitáveis conflitos entre as exigências profissionais e o tempo disponível para outros papéis e atividades (ser pai ou mãe, por exemplo), é fundamental incorporar a prática de exercícios físicos e atividades prazerosas ao cotidiano. Incentivar essas escolhas vai além do benefício individual: pode ser considerado uma questão de saúde pública.

É preciso reconhecer, porém, que o público deve estar consciente de que ainda há muito que não se sabe sobre a cognição na terceira idade, bem como algumas controvérsias sobre a magnitude e durabilidade dos resultados. As pessoas esstão começando a comercializar jogos de computador e outros métodos par exercitar a mente e, frequentemente, fazem fortes alegações sobre a eletividade dos produtos, que não são amparadas por estudos científicos. Os consumidores deveriam procurar evidências demonstrando os benefícios do uso de qualquer desses produtos, que podem, não obrigatoriamente, incorporar todas as características necessárias para aumentar a saúde mental de pessoas idosas.

Certamente as próximas décadas oferecerão possibilidades para expandirmos nossos conhecimentos sobre envelhecimento e cognição. Temos motivos para crer que, em breve, devemos ampliar os limites de um bom funcionamento intelectual na velhice. Assim como os avanços médicos podem aumentar a longevidade, descobertas da psicologia podem contribuir com todos que pretendem ganhar anos de vida - e qualidade de viver.

Autora: Arthur F. Kramer, Christopher Hertzog, Robert S. Wilson e Ulman Lindenberg.
Matéria da Revista Mente Cérebro - Cérebro em Movimento I

terça-feira, 11 de agosto de 2015

É preciso suar


Antigamente, o exercício físico era recomendado apenas para manter o coração saudável, o colesterol baixo e a pressão arterial sob controle. Hoje em dia, ele é indicado também para manter a saúde do cérebro: dá motivação, promove a socialização, combate os efeitos nocivos do estresse crônico, a depressão, a ansiedade, melhora a memória e o aprendizado, e ainda faz o cérebro produzir substâncias que mantêm os neurônios saudáveis e mais resistentes a danos.

A prática de atividades físicas começa a trazer benefícios já com uns 20 minutos de suor, quando o corpo começa a produzir o hormônio cortisol como reforço à disponibilização de energia para os músculos. Além de imitar o que o sistema simpático já estava fazendo, aumentando a frequência cardíaca e o fluxo de sangue para os músculos, é o cortisol que faz com que as reservas de energia na forma de gordura comecem a ser utilizadas. Ou seja: só se começa a queimar gordura com uns 20 minutos de exercício. Por isso 10 minutinhos de cada vez não adiantam – nem aquela caminhadinha leve.

Além do prazer imediato que o esforço físico proporciona (mas, de novo, só se for intenso o suficiente) com a liberação de endorfinas no cérebro, terminar o exercício é relaxante. O corpo descansa com o aumento da atividade parassimpática, que promove a recuperação física e o crescimento muscular, e ainda ganha uma injeção de prolactina, hormônio ansiolítico que também é produzido no orgasmo. Isso tudo além do relaxamento muscular em si: é relaxante dar um uso a toda aquela tensão muscular acumulada ao longo do dia.

E os benefícios continuam com a prática regular, que hoje é considerada o que há de mais próximo de um elixir da juventude. O exercício físico intenso regular faz o corpo aumentar a liberação de dois hormônios, o IGF-1 e o hormônio do crescimento, cuja redução com o passar dos anos está associada ao envelhecimento normal do corpo e da mente. Com mais idade e cada vez menos desses hormônios, o corpo acumula gordura, perde massa muscular, potência cardíaca e elasticidade das artérias e, de quebra, ainda perde neurônios no cérebro, sobretudo se o estresse for uma constante na vida.

Tudo isso é inevitável para quem leva uma vida sedentária – mas muda drasticamente quando se começa a suar com regularidade. Produzindo mais IGF-1 e hormônio do crescimento, a massa muscular aumenta, o índice de gordura corporal diminui, os ossos e o coração se fortalecem, e até a produção de colágeno da pele aumenta, o que ajuda a manter o aspecto jovem. E os benefícios se estendem ao cérebro, conforme o IGF-1 do sangue aumenta a produção de um fator de crescimento que mantém os neurônios saudáveis, facilita a memória e protege os neurônios de insultos como isquemias e derrames. A memória melhora, as respostas ao estresse se tornam mais sadias, a ansiedade diminui.

Não fomos feitos para ficar sentados no sofá. Os confortos da vida moderna são ótimos, mas o sedentarismo talvez seja um grande responsável pelo lado ruim do envelhecimento. Não dá para parar o tempo, mas reverter os seus efeitos indesejáveis sobre corpo e cérebro está ao alcance de todos. Basta suar a camisa.

E qual a melhor atividade física? Minha resposta: a que você gostar, seja dança de salão, futebol, frescobol, corrida – desde que faça você suar. Por que o exercício de que você gosta é o único que você vai realmente fazer...

Autora: Suzana Herculano-Houzel - Neurocientista e professora da UFRJ.
Matéria da Revista Mente Cérebro - Cérebro em Movimento I

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