Procurando motivos para se exercitar?
Entre tantos motivos, destacamos um, que pode parecer um empecilho para tantas pessoas : a dor.
Neste artigo publicado pelo Jornal Extra, uma explicação sobre o benefício da prática de Atividade Física para os que sentem dor
Prática de Exercícios Físicos altera a tolerância à dor
Já era sabido que o exercício extenuante rapidamente
ensina o corpo a lidar com a dor. Isso acontece porque os músculos começam a
doer durante um treino prolongado
e o corpo libera substâncias entorpecentes naturais, como a endorfina que pode
diminuir o desconforto. Um novo estudo
afirma que quanto mais se pratica a atividade física, maior será a nossa
tolerância para o desconforto. As informações são do jornal New York Times.
A resposta à dor é muito individual e depende do
nosso limiar de dor, que é o ponto em que a dor começa, e a tolerância à ela,
ou seja, é a quantidade de tempo que cada um pode suportar sentir a dor.
— A dor é uma interpretação do cérebro aos estímulos de desequilíbrio elétrico
que acontecem nas células. Quando se põe a mão em algo quente se sente a dor,
mas é possível fazer a escolha de continuar com a mão ali até que fique
insuportável. É isso que se entende por tolerância à dor — explica o médico
José Ribamar Moreno, responsável pelo Centro de Tratamento Intensivo da Dor.
O efeito de tolerância da dor induzido pelo
exercício geralmente começa durante o treino e perdura por 20 ou 30 minutos. A
partir dessa informação, os cientistas da Universidade de New South Wales e do Centro de Pesquisa em
Neurociência da Austrália passaram a pesquisar se a atividade moderada feita
regularmente também poderia trazer este benefício.
Entenda a pesquisa
Publicado na revista especializada Medicine & Science in Sports &
Exercise, o estudo recrutou 24 adultos jovens e saudáveis e inativos, dos quais
12 que manifestaram interesse em começar a prática de atividades
físicas e outros 12 não planejavam começar
a se exercitar.
Primeira fase: os 24 voluntários
receberam um estímulo de dor, com uma máquina que provocava pressão nos punhos.
Eles foram estimulados a só pedirem para desligar o aparelho quando o experimento fosse muito desagradável,
realmente doloroso. Esta foi a forma de medir o limiar de dor de cada um.
Segunda fase: os 12 voluntários que
tinham o desejo de praticar exercício começaram um programa de atividades
planejadas por 30 minutos, três vezes por semana, durante seis semanas. Durante
o processo, houve um aumento da carga das atividades e uma mudança aeróbica
considerável em todos eles, uns mais e outros menos. Os outros 12 voluntários
passaram as seis semana do experimento vivendo suas vidas sem alteração.
Terceira fase: após seis semanas,
todos os voluntários retornaram ao laboratório e os seus níveis de tolerância a
dor foram retestados. O grupo que não praticou atividade física não apresentou
alterações em suas respostas à dor. Já os voluntários do outro grupo tiveram um
grande aumento de sua capacidade de suportar a dor. Eles começaram a sentir dor
no mesmo ponto de pressão da máquina, mas o tempo de tolerância foi bem maior.
— Para mim, os resultados sugerem que os
participantes que se exercitavam não encontraram a dor como uma ameaça após o treinamento físico, mesmo que a dor fosse real e forte — disse
Matthew Jones, pesquisador que liderou o estudo da Universidade de New South
Wales.
O cientista entendeu que o cérebro passou a
aceitar que o indivíduo mais ativo podia mais do que antes e então poderia continuar
sentindo a dor por mais tempo, embora a própria dor não tenha diminuído.
Segundo ele, o estudo pode ser usado para ajudar as pessoas que lutam contra
dores crônicas. Apesar de qualquer pessoa nesta situação precisar consultar um
médico antes de começar a se exercitar, a experiência sugere que quantidades
moderadas de exercício podem mudar a percepção de dor das pessoas e ajudá-las a
realizar atividades da vida diária.
O Dr. José Ribamar afirma que o estudo ajuda a
comprovar que a pessoa que faz mais atividade aeróbica, oxigena melhor todo o
organismo, inclusive o cérebro. Isso faz com que todas as funções cerebrais
funcionem melhor, principalmente às responsáveis pelo bloqueio da dor.
— A alteração é fisiológica e importante.
Exercitar faz tudo no corpo funcionar melhor — diz.
Matéria publicada pelo site Jornal Extra
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